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Empreendendo a partir da sua vocação

Revista O Lojista - edição 157 - página 21 - 08/11/2017

O bom de limpar gavetas e armários é ter a oportunidade de entrar em contato novamente com coisas que fizeram sentido para nós em algum momento da vida! E eu, como boa virginiana que sou, tenho os dois hábitos: guardar coisas que fazem sentido e limpar armários e gavetas eventualmente.

No meio do abre e fecha de pastas e envelopes para ver o que fica e o que vai para o lixo, encontrei a cópia de uma matéria publicada no caderno Boa Chance, em julho de 2017, com o tema “Vocações que vêm da infância”. Não deve ter sido por acaso, pois na intenção de atualizar uma palestra sobre empreendedorismo e mercado de trabalho, que realizo com grande frequência em colégios e universidades, eu já estava com o tema vocação rondando meus pensamentos, e eis que o universo conspirou!

A esta altura você deve estar se perguntando: o que é que tem a ver vocação com empreendedorismo? E eu já respondo: absolutamente tudo! A matéria fez a correlação do que os entrevistados gostavam de fazer na sua infância, e que influenciou diretamente no que são hoje: empresários em atividades afins com suas preferências de pequenos!

David McClelland, em meados do século XX, estabelece como entrepreneurship a “atitude psicológica materializada pelo desejo de iniciar, desenvolver e concretizar um projeto, um sonho”. A partir deste conceito introduz o que ele chama de achieving motivation, ou motivação para a ação, afirmando que as pessoas com necessidade de realização tendem a buscar, sempre, o aperfeiçoamento e o progresso constantes, pois são impulsionados pela sensação eminente de êxito!

É exatamente neste ponto que a vocação encontra o empreendedorismo, pois foi a motivação para a ação na direção da realização de projetos e sonhos, que tais pessoas encontraram o caminho profissional que as faz felizes e realizadas! 

E esta é uma viagem tão simples quanto olhar para si mesmo, lá atrás, e buscar na sua memória quem você era! Sempre que faço este exercício me lembro da menina que gostava de estudar escrevendo no pequeno quadro negro que existia no quintal de casa, dando “aulinhas” para os alunos imaginários. Lembro também da mesma menina que pediu para ser da “farmacinha” do colégio, porque queria “ajudar”. Ou ainda quando me atrevia a arrumar o quartinho dos fundos, que era o depósito de entulhos de toda ordem. Tudo o que eu sou hoje já estava presente lá, nos meus 8, 9 anos de idade: amante das palavras, da solidariedade e da organização! 

Percebam que na perspectiva de McClelland não está contida nenhuma correlação do empreendedorismo com o fato de ser empresário, pois quem vincula a atividade empresarial ao empreendedor são os economistas Jean-Batiste Say e Joseph Schumpeter, posteriormente, quando atribui ao empreendedor o ímpeto da inovação como propulsor do sistema capitalista de produção! E este assunto pode até ser pauta de um outro artigo! 

Por ora, o que eu desejo é que você, ao limpar suas gavetas e armários, encontre a parte que mais ama em você, que pode até estar amassada ou empoeirada, mas que assim que for exposta ao ar renovado e à luz, recupere aquela vocação, aquela vontade de fazer a diferença no mundo, desenvolvendo um projeto ou um sonho!

*Mirella Marchito Condé é especialista em Empreendedorismo e Inovação com mestrado em Sistemas de Gestão pela UFF. Palestrante, Professora na Fundação Getúlio Vargas e na Universidade Estácio de Sá, Analista no Sebrae/RJ.

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Agência Interagir