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Qualificação de lideranças: estratégia de crescimento

24/11/2021

Nos últimos anos, dois temas se estabeleceram como paradigma do mundo corporativo: digitalização e qualificação de equipes. Uma não anda sem outra e os resultados dessa mistura são sempre positivos. Uma pesquisa recente da Deloitte observou que em empresas onde toda a equipe foi instruída sobre aproveitamento de dados, 88% excederam as metas comerciais em comparação com apenas 61% daquelas com poucos funcionários treinados. No entanto, apesar de ser um tema bastante óbvio, o ritmo de transformação digital das empresas brasileira não é acompanhado pelo de qualificação das equipes. E isso não acontece com apenas com os cargos intermediários, mas com os postos de liderança.  

Uma pesquisa da Alteryx, empresa de automação analítica, feita com 500 profissionais que trabalham com dados no Brasil, indicou que 40% dos cargos seniores acreditam que sua organização está “ficando para trás” em relação à concorrência. A pesquisa também revelou que 54% desses executivos estão “sobrecarregados” com o que eles “deveriam aprender”, o que coloca em xeque seus projetos de transformação.

Para tratar do assunto e entender as consequências práticas desse descompasso, a Varejo S.A conversou com Marta Clark, vice-presidente de LATAM da Alteryx. Confira!

Por que existe um problema de qualificação em um momento em que ela é tão necessária?

Com os avanços na digitalização, automação e inteligência artificial continuando a contribuir para a inovação digital, as habilidades que as empresas requerem para alcançar uma vantagem competitiva continuam a mudar, e isso deixa profundas implicações para os caminhos de carreira individuais e recrutamento. Mas muitas empresas no Brasil lutam para entender a importância da requalificação dos trabalhadores e equipá-los com as ferramentas e conhecimentos necessários para evitar a uma lacuna de habilidades.

Qual pode ser o resultado desse quadro em áreas como a de dados, por exemplo?

Apenas organizações que capacitam sua força de trabalho para provocar mudanças nos negócios por meio de dados alcançarão o verdadeiro potencial de suas iniciativas de transformação digital. Mas a lacuna entre o alto valor de negócios atribuído a tais habilidades e os recursos aplicados para aprimorar os profissionais nesta área irá travar a transformação. Como a educação formal ainda está a décadas de se adaptar à realidade do mercado, é responsabilidade das empresas incentivar os trabalhadores e recompensar o trabalho de dados de boa qualidade.

Essa discrepância é um problema individual o das empresas?

Nossa pesquisa mostra que, embora 53% dos líderes empresariais no Brasil reconheçam que a condução das iniciativas de requalificação é de sua responsabilidade, 39% dos trabalhadores de dados são incapazes de requalificar, devido à constante necessidade de priorizar as tarefas do dia a dia. Para os líderes empresariais, isto representa uma oportunidade perdida de procurar na força de trabalho existente especialistas com a atitude certa e a aptidão para a requalificação em uma nova área para que eles possam atingir suas metas de transformação.

E o papel das empresas nesse processo?

Muitas vezes a capacidade das empresas de aumentar a qualificação da força de trabalho é prejudicada por sua cultura interna e pela falta de estratégia em termos de alinhamento do crescimento empresarial com o aumento da qualificação. Se a cultura da empresa não adotar uma abordagem centrada no ser humano, então não importará a tecnologia que possui, será difícil atravessar a barreira digital e permanecer competitiva. A verdade é que a capacitação dirigida pelas empresas não acompanhou o ritmo de transformação. Com os trabalhadores de dados entrando no mercado de trabalho em todo e qualquer nível de habilidade, a liderança deve se comprometer a impulsionar uma mudança cultural de requalificação dentro de sua organização que se dimensione com os funcionários.

Muitos podem achar que isso pode levar tempo, principalmente no que se refere a dados.
As empresas precisam superar o mito de que só é possível trabalhar com dados com pessoas de alto nível técnico e que é necessário contratar cursos formais de longo prazo. Na verdade, somente assumindo compromissos de longo prazo para priorizar a requalificação, oferecendo cursos simples e escaláveis como uma forma de preencher a lacuna de habilidades, a força de trabalho será capacitada para oferecer resultados mais eficientes e garantir a competitividade a longo prazo.

Essa resistência ocorre em empresas de qualquer tamanho?

Empresas de todos os tamanhos podem ser vítimas de modelos de aprendizagem herdados e de mentalidade de requalificação que impeçam a inovação e crescimento. Não é necessariamente o tamanho da empresa, mas a cultura nela embutida. A menos que a empresa seja liderada pela inovação e pela mudança, a cultura de compromisso com o aprendizado contínuo e a requalificação pode ser perdida.

Ainda existe a ideia de que um funcionário qualificado pode acabar indo para concorrência?

Algumas empresas podem estar céticas, temendo que o pessoal saia depois de ter sido treinado. Mas a qualificação deve seguir de mãos dadas com qualquer jornada de transformação. Agora, mais do que nunca, as empresas modernas entendem que devem nivelar toda a força de trabalho para aproveitar dados e análises como um ativo estratégico que impulsiona os resultados comerciais. Qualquer empresa transformadora precisa investir em sua força de trabalho e em suas carreiras – quer fiquem ou não – para que se sintam valorizadas e com mais conhecimento digital. Se os líderes em transformação e mudança não aceleram uma mudança cultural e priorizam o fornecimento de habilidades de dados em toda a empresa, eles deixam a empresa vulnerável a ficar para trás.

Treinamento e qualificação representa um custo extra. Isso não pesa nesse processo?

As empresas estão vendo um tremendo benefício da digitalização generalizada. Por exemplo, uma pesquisa recente da Deloitte observa que em empresas onde todo o pessoal foi instruído sobre como aproveitar os dados, 88% excederam as metas comerciais em comparação com apenas 61% daquelas com poucos funcionários treinados. Empresas que adotam essa cultura digital apresentaram um crescimento de oito vezes maior na receita e duas vezes na margem de lucro. De fato, o caminho para a digitalização traz desafios, mas também traz recompensas como o aumento de receita. Muitas organizações já reconhecem a importância de proporcionar uma cultura de aprendizagem como uma nova vantagem competitiva. O JP Morgan, por exemplo, vai dedicar 350 milhões de dólares para a requalificação, enquanto a Amazon prometeu investir 700 milhões de dólares para a requalificação de sua força de trabalho.

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Agência Interagir