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Uma Black Friday de otimismo

23/11/2021

Presente no Brasil desde 2010, a Black Friday se tornou uma data de grandes proporções e significados para varejo nacional. De um dia promocional para liquidação de estoques, ela passou a ampliar seu marco temporal e, a “sexta-feira” que dá o seu nome, se transformou em uma sequência de ofertas, pré-ofertas e extensões de promoções que ocupa todo o mês de novembro. Por representar um peso significativo no faturamento anual do comércio, a Black Friday é aguardada com ansiedade pelo setor varejista e é natural que todo comerciante fique atento aos fatores que podem influenciar o desempenho de suas vendas, como por exemplo a situação econômica do país, que vem apresentando alta de juros e inflação de dois dígitos.

No entanto, é consenso que existe um clima de otimismo em relação às vendas deste ano, muito por conta o comércio eletrônico. Algo semelhante ao que aconteceu em 2020, quando as atenções estavam voltadas para a pandemia da Covid-19. A expectativa não era das melhores, mas as restrições acabaram tendo um efeito positivo. O isolamento social fez com que as vendas online disparassem. O resultado foi um crescimento de 68% desta modalidade de vendas.

Neste ano, a facilidade das compras pela internet, a promoções em tempos de dificuldade e ao avanço da vacinação pode gerar efeito parecido em 2021. De acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) em parceria com a Offer Wise Pesquisas, 57% dos consumidores pretendem fazer compras na Black Friday, principalmente porque acham que é uma boa hora para comprar coisas que precisam a um preço mais baixo (70%).

Omnichannel

Como em 2020, a preferência será pelas compras online. Para o especialista em logística e presidente do Conselho de Administração da Pathfind, Antonio Wrobleski, a data promocional deste ano será a maior de todas em se tratando de vendas pela internet. “Acredito que o mercado como um todo não vá vender mais, mas o mercado como e-commerce sim”.

O especialista acredita que há uma tendência de microempreendedores trabalharem no marketplace dos grandes operadores e que os pequenos varejistas vão se destacar nas vendas por e-commerce. “De 1,5 milhão a 2 milhões de empresas se beneficiam com esse processo de colocar seus produtos no mercado online”, diz. “As pequenas e médias empresas, conseguindo estabelecer um objetivo pé no chão, poderão vender pela internet com a ajuda do marketplace dos grandes operadores e realizar muitas vendas nesta Black Friday”, aposta.

A verdade, no entanto, é que o consumidor já não vê diferença ente loja física e virtual. De acordo com a pesquisa Consumer Pulse, que chega à sua 7ª edição, as visitas às lojas físicas voltaram a crescer depois da vacinação e hoje predominam com 60% contra 40% do online. O que acontece é que 2/3 dos brasileiros realizam tanto compras online quanto offline (omnichannel), o que indica que a aceleração do e-commerce ao longo de 2020 e 2021 entrou na rotina da população do país.

Para André Rocha, Country Head da Dunnhumby , empresa líder em ciência de dados do consumidor, o consumidor hoje tem mais opções de canais e a tendência é que o omnichannel continue fazendo parte da vida dos brasileiros, principalmente nas categorias de compras recorrentes.

“O brasileiro perdeu o medo das compras online e ganhou um canal a mais, tanto para consumir como para pesquisar valores. O desafio com a retomada do varejo físico é fazer com que os canais não se sobreponham, mas se integrem e ofereçam uma jornada única de compra, completa, tanto no físico como no digital”, explica o executivo.

Para além do lucro

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O especialista em mercado e varejo, Alfredo Soares, que é co-fundador do G4 Educação, e autor do livro “Bora vender”, acredita que, apesar do cenário econômico, 2021 apresenta melhores condições de venda que 2020. Para ele, o consumidor brasileiro tem um elevado nível de engajamento diante de boas ofertas e isso é potencializado com os novos canais de venda.

“É importante enfatizar que a pandemia, por exemplo, não impactou o consumo, ela impactou o consumo presencial. Porém, o digital acompanhou o comportamento do consumidor. Resumidamente, a forma de comprar mudou; a vontade, não”, explica. “Estamos inseridos em um contexto onde há uma grande diversidade de canais levando às ofertas, combinada a uma comunicação direcionada a mais pessoas de forma descentralizada”, diz.

Como Antonio Wrobleski, Soares alerta que o varejista para ser bem-sucedido neste ano deve ficar atento ao momento econômico do país e observar suas margens de lucro. “É preciso inteligência para capturar valor e manter uma margem saudável para o negócio. Preços dinâmicos e segmentação das ofertas podem ser estratégias efetivas, por exemplo”, sugere. “Outro ponto é o planejamento da reposição do estoque, tendo em vista a volatilidade do preço dos fretes e aumento contínuo de demanda em alguns nichos”.

Segundo Soares, a Black Friday não é apenas uma oportunidade de venda. Ele pode representar uma oportunidade de fidelização de clientela. “Minha dica é não surfar a onda da Black Friday simplesmente porque é um período “especial” e fazer promoções extremamente atrativas, mas sim criar as ofertas associadas aos objetivos estratégicos de business, ou seja, adquirir novos clientes, reter clientes, girar estoque, entre outros”.

As vendas online cresceram e exigem preparo do vendedor, principalmente na Black Friday. Confira algumas dicas indispensáveis sugeridas pela OmniChet, empresa especializada em chat-commerce:

  • O foco no consumidor – Um atendimento personalizado não apenas garante a fidelização do cliente, mas também pode aumentar a margem de lucro das vendas.
  • Atenção aos prazos de entrega – As marcas precisam dar opções de frete para o consumidor e possibilitar tanto a compra online quanto a retirada na loja física.
  • Omnichannel – Sites, whatsapp, redes sociais. Para se destacar na Black Friday, é preciso olhar para todos os canais.
  • Opções de pagamentos – Cartão de crédito, boleto, pix, cashback. Quanto mais opção maior a chance de venda.

A volta aos shoppings

O otimismo com a Black Friday não é exclusividade do comércio eletrônico. O avanço da vacinação e da circulação das pessoas em locais fechados deve trazer um ganho também para as lojas físicas. A expectativa dos lojistas é que o fluxo de pessoas seja 20% superior ao observado em 2020.

A Pesquisa de Expectativas Black Friday 2021, da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce), aponta uma estimativa de venda 19% superior ao da mesma data do ano passado. O levantamento também indica que o setor deve movimentar R$ 2,9 bilhões entre os dias 25 e 28 de novembro.

O presidente da Abrasce, Glauco Humai, classifica como importante as perspectivas do setor para a data, pois demonstra que o varejo nos shoppings está em plena recuperação como também há uma predisposição dos consumidores em retornarem cada vez mais aos empreendimentos para efetuarem suas compras e para curtirem as opções de lazer.

“Muito mais que bons números, é uma perspectiva cada vez mais sólida de um crescimento contínuo no setor. Os lojistas e empresários estão animados com o crescimento nas vendas e com o retorno da população, movimento que resulta em vendas, emprego e manutenção de investimentos no varejo brasileiro. A Black Friday é um bom termômetro para as vendas de fim de ano e 2022”, declara.

Na avaliação do presidente da CNDL, José César da Costa, o avanço da vacinação e a reabertura total das atividades comerciais em todo o país trazem uma expectativa para o setor, mesmo em um cenário de dificuldade econômica. “Este ano será possível realizar festas e eventos sociais e coorporativos. Isso também estimula as compras e o consumo. Apesar do cenário econômico preocupante, sabemos que a força simbólica e cultural das festas de fim de ano costuma se sobrepor às dificuldades”, diz. “A Black Friday pode ser uma oportunidade para o consumidor realizar compras com bons preços para o Natal, amigo oculto e as confraternizações com os amigos”, diz.

Reconhecida de Utilidade Pública: Lei Municipal Nº 1381/76 - Lei Estadual Nº 1559/89
Filiada: Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Rio de Janeiro.

Agência Interagir