Notícias

A lógica da “efetuação” e a vida do empreendedor

Revista O Lojista - edição 160 - página 22 - 20/02/2018

Fabiana Ramos (*)

A partir da minha experiência no Sebrae, trabalhando com pequenos empresários, comecei a me questionar sobre a dificuldade de grande parte desse público em fazer projeções futuras, seja em relação à empresa ou a respeito da vida pessoal. Uma parte desse questionamento começou a se tornar mais compreensível a partir das ideias defendidas por Saras Sarasvathy, professora da Darden School of Business . Segundo ela, grande parte dos empresários não toma decisões baseados na causalidade (com base em projeções futuras), mas sim efetuação (a partir de um futuro co-criado, com perdas suportáveis e calculadas numa análise baseada em três perguntas chaves.



De maneira objetiva, os ensinamentos formais e tradicionais, com muita frequência, não se aplicam ao cotidiano de tomada de decisão de um empresário, que assume diversas funções dentro do seu negócio. Dessa forma, para que possa conduzir a gestão do empreendimento, ainda que intuitivamente, ele se baseia nos seus papéis (QUEM SOU EU), nas suas habilidades (O QUE EU SEI) e na sua rede de contatos, que lhe dará suporte, (QUEM EU CONHEÇO).

Sarasvathy defende que explorar ferramentas sobre autoconhecimento é o caminho mais curto e factível para que os negócios sejam geridos de maneira mais efetiva, uma vez que entendendo sobre sua personalidade e seus desejos, conhecendo melhor sobre suas competências (inclusive sobre aqueles que precisa desenvolver) e entendendo bem sobre sua rede de suporte (com foco no seu fortalecimento), o empreendedor consegue tomar decisões sensatas.

Um exemplo prático pode ser percebido na seguinte situação: para definir se deve comprar uma máquina nova para sua empresa, tomando como referência os registros de fluxo de caixa, o empresário vai utilizar sua experiência anterior com o negócio, calcular as contingências existentes e os riscos que é capaz de suportar, analisar sua rede de fornecedores e parceiros, para então aplicar ou não o recurso disponível no investimento.

Uma vez que se torne capaz de responder com clareza e segurança às três perguntas chaves mencionadas anteriormente, o empreendedor estará mais apto a agir com foco em O QUE EU QUERO e QUANTO EU GANHO.  O papel das instituições de apoio aos pequenos negócios pode ser potencializado à medida que práticas já adotadas pelo empreendedor sejam transformadas em inteligência de mercado e permitam reflexões poderosas sobre os recursos existentes e contingências já dadas.

(*) Fabiana Ramos, analista do Sebrae/RJ, especialização em Professional & Self coaching, mestrado em sociologia e antropologia, MBA em Gestão de Projetos, graduação em História e Ciências Sociais.

Reconhecida de Utilidade Pública: Lei Municipal Nº 1381/76 - Lei Estadual Nº 1559/89
Filiada: Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Estado do Rio de Janeiro.

Agência Interagir