Juros reais e poupança
Mesmo com a redução de juros promovida pelo Banco Central nesta quarta-feira, o Brasil ainda permanece na liderança disparada do ranking mundial de juros reais (calculados com abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses), compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management.
Com os juros básicos em 14% ao ano, a taxa real soma 8,49% ao ano. Com isso, permanece bem acima do segundo colocado, que é a Rússia, com 4,27% ao ano, seguida pela Colômbia, com 3,61% ao ano. Nas 40 economias pesquisadas, a taxa média está negativa em 1,9% ao ano.
De acordo com cálculos da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), mesmo com a redução dos juros para 14% ao ano, os fundos de investimento continuam mais atrativos do que a poupança, ganhando em rendimento na maioria das situações.
A poupança continua atrativa somente para fundos com taxas de administração acima de 2,5% ao ano. Isso ocorre porque o rendimento dos fundos de renda fixa sobe junto com a Selic. Já o rendimento das cadernetas, quando a taxa de juros está acima de 8,5% ao ano, como atualmente, está limitado em 6,17% ao ano mais a variação da Taxa Referencial (TR).
Consequências do corte de juros
Segundo economistas, a queda dos juros poderá ajudar na recuperação da economia brasileira – que atravessa a maior recessão de sua história – por meio do aumento da confiança dos investidores e do recuo dos juros bancários. Além disso, poderá resultar em menos pressões de alta do dólar, contribuindo para impedir a volta da inflação no futuro. O corte também resultará em pagamento menor de juros pelo setor público.
De acordo com o diretor-executivo de Estudos e Pesquisas Econômicas da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira, a queda da taxa Selic não tende a impactar, pelo menos em um primeiro momento, os juros bancários – que estão em patamar recorde. Mas, se as reduções persistirem no futuro, poderão pressioná-los para baixo.
Outra consequência do corte da taxa Selic pelo Banco Central é a redução nas despesas de juros da dívida pública. Atualmente, mais de R$ 600 bilhões em dívida em mercado estão atrelados à taxa básica de juros da economia. Com sua queda, recua também o pagamento de juros. A estimativa é de que um corte de 0,25 ponto percentual na Selic reduza essa despesa em R$ 1,5 bilhão em 12 meses.
A reunião do Copom aconteceu em um ambiente de recessão na economia brasileira. Para este ano, a mais recente previsão do mercado financeiro é de um tombo de 3,2% no Produto Interno Bruto (PIB), após um recuo de 3,8% ano passado – o maior em 25 anos. Com o fraco nível de atividade, o desemprego e a inadimplência continuam aumentando.
Fonte: G1 - Economia